segunda-feira, novembro 23, 2015

cotidiano.

- Lúcia! Querida, venha cá!
Ela ia, a passos cansados, em sua direção.
Era uma mulher ainda jovem, seus demônios, porém, eram muitos. Sua alma parecia ter milhares de anos.
Andava cansada.
- Diga, meu bem! O que aconteceu?
- Lúcia, você viu as cores do céu hoje?
O céu estava da mesma cor que todos os dias naquela semana, ou naquele mês.
Todos os dias, porém, ele a chamava para ver as cores do céu. Todos os dias por volta de cinco e vinte.
- Minha flor, hoje está particularmente bonito. Veja! - E segurava sua mão.
O céu, com seu pôr do sol tão extraordinário como um dia qualquer, era, talvez, como um espelho a que ambos olhavam e refletia suas mentes vazias por alguns minutos.

segunda-feira, janeiro 20, 2014

latente.

a tristeza era latente.
não transparecia, enganava.
quem olhava para seu sorriso largo não imaginava
a angústia que seu coração passava.

as lágrimas que já não desciam,
pareciam se acumular em seu peito,
que, já quase transbordando,
ameaçava explodir por inteiro.

por vezes sentia uma alegria imensa.
sabia que tinha feito diferença,
que tocou a alma de uma pessoa ou duas.

e essa era sua missão.
tocar a alma das pessoas.
pena que era uma missão tão árdua,
pois ao tentar tocar a alma das pessoas,
você expõe a sua.
e dói.
mesmo tomando todos os cuidados possíveis,
mesmo se anestesiando de todas as formas conhecidas,
expor sua alma sempre dói.

mas essa era sua missão,
esse era o seu destino.

muitos jamais conseguirão entender,
muitos estarão sempre aptos a julgar.

seu destino,
seu delírio,
seu sonho,
seu desejo,
seu desespero,
sua destruição,
sua morte.

todos em uma só,
uma só
em todos.


segunda-feira, dezembro 30, 2013

ímpar.

anos ímpares sempre são interessantes.
sempre preferi o ímpar ao par.
nem sei bem explicar o porquê, apenas sei que sempre foi assim.
os anos ímpares sempre se destacam, seja da forma que for.
esse ano foi repleto.
"o ano da mudança" deveria ser o nome dele, mas não o nomeio assim porque espero anos ainda com mais mudanças.
agradeço por tudo esse ano.
até pelos dias tristes e sofridos, que, eventualmente, me trouxeram muitas alegrias.
foram muitas decepções,
com os outros, comigo mesma.
mas ganhei muito com elas.
amadureci, aprendi e, mais importante, superei.
foram muitas alegrias, muitas risadas e muitos sorrisos também.
descobri e redescobri inúmeras coisas.
me reencontrei.
lembrei do porquê eu gostar de ficar sozinha,
mas também percebi que gosto bastante de algumas companhias.
senti um gostinho de liberdade nunca antes experimentado,
e, confesso, gostei.
"freedom just around the corner for you"
percebi que simplesmente não vale mesmo a pena chorar pelo leite derramado,
temos é que ficar atentos pra não derrama-lo de novo,
mesmo sabendo que o iremos derramar,
nem que seja um pouquinho.
porque quando se é tão desastrada como eu, você passa a aceitar isso em você.
"aceitação" é outra palavra importante pra esse ano.
quase um truque, porque aceitação e mudança podem vir juntos sim.
e é até mais bonito quando é assim.

no mais, agradeço a todos que vivenciaram cada momento especial desse ano comigo.
vocês foram essenciais pra que ele fosse assim, tão especial.
amo vocês! família e amigos! não citarei um a um, mas vocês sabem quem são!
e um agradecimento especial à pequena Lana, que acendeu tantos sentimentos únicos em mim.

tem muita coisa no gatilho,
por isso, prepare-se, dois mil e catorze!

dois mil e treze foi mesmo um ano ímpar!

e que esse próximo ano venha com crise de identidade
e seja tão ímpar quanto pode ser.

com todas as dores e delícias,
com todas as lágrimas e sorrisos.
que seja um ano pleno e que possamos valorizar a simplicidade.
<3 br="">

domingo, dezembro 08, 2013

omar.amor

leve, uma brisa leve.
essa sensação do nosso encontro é forte,
mas ao mesmo tempo leve.
sentir-se tão próximo a natureza,
sentir sua ferocidade e sentir seu amor.
lá, numa imensidão azul,
o sol encontrando a água,
aquele brilho especial,
um sentimento de paz.

a mente esvazia,
tudo fica claro e simples.
uma tranquilidade feliz.

o medo, enfrentar o medo.
aquele poder,
e, ao mesmo tempo,
a insignificância.

e você aprende.
o tempo, o tempo da natureza,
o respeito,
a harmonia.
uma sintonia leve.

domingo, novembro 17, 2013

delírio.

chorar tem se tornado difícil.
chorar por mim.

o choro vem sempre pelos outros.

a alma não perdeu o sentimento,
a sensibilidade,
o amor.

o coração bate tranquilo,
sem dor.

a sensação de liberdade é boa.
o espírito em paz.

nada está completo,
os sonhos só crescem.

o copo,
meio cheio, meio vazio;
logo transbordará,
pra meio cheio novamente ficar.

a calma da alma intranquila.

a eterna mudança.
delírio.
e o dia que vem.

sábado, fevereiro 18, 2012

darko.

fica bem escuro às vezes.
eu sempre me senti bem no escuro. hoje, não.
nem hoje, nem ontem.. uns dias já, dessa escuridão incômoda.
foi o revestrés que deu, que balançou e confundiu tudo e agora, na escuridão, tá difícil de enxergar pra pôr em ordem novamente.
o bom da claridade.
as cores vivas, as cores.
enxergar claramente.
ordenar é diferente de organizar (já me disseram isso uma vez).

está cada vez mais difícil conseguir me encontrar nessa nova eu que a sociedade me impôs.
ela brilha aqui dentro, uma chaminha pequena, chega dá uma dó.
tomei a decisão de tentar reacendê-la.

um dia ela mereceu.

esses sentimentos...

terça-feira, fevereiro 15, 2011

borderline.

essa escuridão é agonizante. eu fico sempre repetindo na minha cabeça: "marieta, deixa de coisa! vai ficar tudo bem" afinal, a gente faz o que pode, né? mas isso não adianta muito pra mim não.
eu tenho um defeito - e há quem considere isso uma qualidade, mas eu, sem pensar muito, acredito ser defeito. enfim, tenho esse defeito. tenho a mania feia de querer ser perfeita em tudo o que faço. de querer ser perfeita pra mim, ser perfeita para os outros. isso não dá. ninguém é perfeito, sabe? mas a tentativa por si só já é desgastante o suficiente.
como eu disse, há quem pense ser isso uma qualidade. eu mesma, já me peguei considerando isso algumas vezes. mas é pura balela. não vale a pena.
tenho uma teoria quanto a limites. limites são lindos. alguns merecem ser quebrados. alguns merecem ser mantidos. algumas pessoas nasceram para quebrar limites. outras para não ultrapassa-los.
querer chegar à perfeição é uma eterna tentativa de querer quebrar limites. e isso de quebrar limites é muito destrutivo.
você lida com muitos demônios pra conseguir atravessar a linha.
dizem que os que quebram limites são livres. eu já ouvi essa teoria em algum lugar. não concordo não. pra mim, eles são reféns.
a pior cobrança de todas é a que você faz a você mesmo. essa é a que desencadeia todas as outras.
limites existem por alguma razão. a falta deles te faz navegar por mares desconhecidos e para sair deles é sempre mais difícil do que para chegar.
o desconhecido é interessante, confesso.
mas você se sente só.
eu me sinto só.
talvez algum dia eu encontre o caminho de volta,
ou quem sabe apenas alguém que consiga compreender.