domingo, novembro 27, 2005

simplificando

encurralada.
era assim que ela se encontrava.
sentia, mas não queria aceitar.
era um dilema dos diabos!
lembrava-se do dia em que tudo começou
sentia seu rosto corando ao rever essas imagens em sua cabeça.
as via com tamanha ternura.
lindas lembranças!
mas então sua ansiedade quis pôr tudo abaixo
e como se não pertencesse a seu corpo
um se entregava
o outro negava
vez ou outra, quando menos esperava
lá estava!
na verdade ela tinha medo.
não a culpo.
mas ela era muito precipitada em preocupar-se e sabia disso.
só não queria aceitar e então negava o que sentia.
mas não conseguia, já não mais conseguia...
enquanto eu percebia isso, lágrimas caíam dos meus olhos
percorrendo meu rosto sem expressão alguma.
não sabia o que lhe dizer.
não tinha palavras para a consolar.
eram essas as horas que eu mais desejava
que as coisas fôssem realmente simples.
pra ela.
pra mim.
pra todos nós.
evitar um sofrimento sem cabimento.
e sofrendo exatamente porque nada tinha fundamento.




quando batem os pensamentos sem nexo na vida.

quarta-feira, novembro 23, 2005

um presente do passado

não que eu seja facilmente influenciavel,
mas bastaram algumas músicas do B.B. king, do Oasis,
do Pink Floyd, do Zeppelin, do Hendrix, do Eric Clapton,
dos Stones e pra não fazer injustiça, de outras milhões de bandas,
para que a garota aqui quisesse aprender guitarra, formar uma banda,
compôr músicas e se possível ser a líder de tal.

bastaram algumas palavras de Pessoa e seus heterônimos
para que eu me encantasse por tal tipo de escrita e
quisesse ter eu também, múltiplas personalidades.
bastou ler um pouco de Drummond para querer escrever
também sem saber ao menos o que acabara de escrever.

bastou assistir alguns quantos filmes de Kubrick, Van Sant,
Hitchcock, Danny Boyle, Kaufman, Scorsese e outros tantos gênios,
para que eu me apaixonasse pelo cinema, por toda a magia que o cinema proporciona.
foram esses os culpados não só pela minha paixão pelo cinema,
mas também pela fotografia.

bastou sair na rua, para que meus olhos se arregalassem e eu me encantasse.
observava o cotidiano, o vai e vem das pessoas.
as tragédias, as comédias, as tragicomédias.

bastou eu pôr a cabecinha pra fora do ventre da minha mãe
para que eu estivesse à beira da loucura.
e qualquer pessoa que tenha a capacidade de pensar,
assim se encontra também.
por um fio.

bastaram algumas citações de alguns revolucionários,
o punk, a ditadura, os hippies, os pacifistas,
para que quissese eu também causar uma revolução.

agora eu digo, influenciável?
não, não.
inspirador.

tente, por dois segundos, imaginar um mundo sem passado.
(tic tac)
conseguiu?
é, era o que eu imaginava.
mas aí você se pergunta: "e quando surgimos? não havia passado..."
eis aí outro grande mistério da vida ... quando nós surgimos!
ah! se nossos queridos primatas soubessem escrever...
qual seria a graça afinal de contas?

nos querem vivendo nessa era modernizada.
muito bem, disso eu não reclamo.
mas não me digam que o passado é só passado,
que é pra ser deixado pra trás, que de nada mais serve.
tantas coisas já não são mais como as de antigamente
e nós temos a sorte de poder aproveitar algumas.
infelizmente, poucas pessoas as dão valor.

não, eu não vivo presa ao passado.
o passado é que teima em aparecer no meu presente
e eu? eu agradeço por todo esse conhecimento,
toda essa inspiração, toda essa vida.

quarta-feira, novembro 09, 2005

nas folhas de outono

ela estava deitada nas folhas que haviam caído nas arvores.
após sorrisos e rodopios deitou-se nas folhas que,
pra ela, pareciam agora uma cama da mais macia seda.
eu ficava ali a observando, admirando-a.
ela exalava tamanha alegria que me contagiava,
despertava em mim tudo que havia de mais sensível.
sua beleza... ah, sua beleza!
era tão bela como uma flor em seu auge.
bela como a lua que irradia em negro céu.
seus olhos falavam por si.
eu queria através deles ver o seu interior,
mas ela de alguma forma me impedia de ver tudo.
matinha seus mistérios e implorava-me para desvendá-los.
e eu que não tinha mais poder sobre mim mesmo, atendi a suas preces.
ela, satisfeita após conseguir o que desejava,
exibia-se ainda mais bela que antes.
sua pele delicada, macia, clara, constrastava
da forma mais maravilhosa com seus negros cabelos.
era tudo meio que surreal...
naquele exato momento, não havia nada de concreto,
nada real o suficiente para poder ser explicado.
nem sequer nossos corpos pareciam estar lá.
flutuavamos.
sentiamos.
eramos um só.
já sem mais segredos, sem mais mistérios.
um só.

sábado, novembro 05, 2005

carpe diem

sabe aquelas sextas?!
exato!
bem, hoje foi uma delas.
mesmo passando o dia vagando pela casa,
há dias assim que são extremente proveitosos!
hoje, depois de abandonada por alguns meses devido a estudos,
voltei a tocar (ou ao menos tentar tocar) guitarra e ver se aprendia alguma coisa nova.
e não é que aprendi!!

hoje também assisti a "Oprah" e fiquei "expressionada" com o que vi.
fascinada, revoltada, nossa ... foi tanta coisa que passou na minha cabeça!
resumindo, vi um homem que já tinha sido atropelado duas vezes,
perdido a perna e dito como tetraplegico, mexer as mãos e dizer sorrindo
que ele não era o corpo dele, que ele estava vivo e isso era maravilhoso!
(é, eu quase choro).

hoje eu li tanta coisa legal, que poderia preencher o blog todo só com trechos de alguns livros.
é, alguns.
eu não gosto nadinha de ler vários livros ao mesmo tempo.
mas devido a obrigações, atualmente tô fazendo isso.
além de "pássaros feridos", tô lendo um livrode crônicas do Aírton Monte (daqui de Fortaleza mesmo).
"Moça com flor na boca".
sabe, eu tenho um certo preconceito com livros de contos e crônicas.
não sei dizer ao certo o porquê... mas que tenho, tenho!
mas comecei a ler esse e adorei.
além de estar gostando de um livro de crônicas,
fiquei feliz por tal livro ser de um Cearense, realmente feliz.

e hoje, pra não fugir a tradição, ouvi música, muita música.
além de escrever e de matar as saudades dos meus pais,
que vieram fazer uma visitinha de uma semana.

hoje já discuti, já sorri, já gargalhei, já gritei, já chorei, já cantei, já pulei, já dormi, já conversei, já li, já escrevi
já desobedeci, já obedeci, já mudei os conceitos dos outros, já mudei a minha opinião,
já descobri, já encontrei pessoas que há muito não via,
já imaginei, já exercitei (minha criatividade), já fiz aquela cara de desconfiada.

e vem você me dizer que não aproveito a vida?!
vem me dizer que perco tempo!?
me dizer que tudo isso não faz com que um diase torne diferente?!

hum ... ouquei.
tá na hora de revêr meus conceitos.
ou serão os seus?



só a titulo de curiosidade, oasis foi confirmado no brasil pra março!
:D economia extrema a partir de hoje! pam pam pam

quarta-feira, novembro 02, 2005

do amor e outros demônios

"Cayetano, meio de brincadeira e meio a sério, se atreveu a soltar o cordão do espartilho de Síerva Maria. Ela protegeu o peito com as duas mãos; houve uma chispa de raiva em seus olhos e uma rajada de rubor lhe incendiou o rosto. Cayetano lhe agarrou as mãos com o polegar e o indicador, como se estivessem em fogo vivo, e as afastou do peito. Ela tentou resistir, e ele lhe opôs uma força terna mas resoluta.
- Repete comigo - disse: - "Enfim a vossas mãos hei chegado."
Ela obedeceu.
- "Onde sei que hei de morrer" - prosseguiu ele, enquanto abria o espartilho com seus dedos gelados.
Ela repetiu quase sem voz, trêmula de medo: -"Para que só a mim seja provado o quanto corta uma espada num rendido."
Então ele a beijou nos lábios pela primeira vez.
O corpo de Síerva Maria estremeceu com um gemido, e ela soltou uma tênue brisa marinha e se abandonou a propria sorte.
Ele passou por sua pele as gemas dos dedos, tocando-a muito de leve, e viveu pela primeira vez o prodigio de se sentir em outro corpo."

e o livro todo é assim.
parece poesia, daquelas que tocam lá no fundo.
e não tem como controlar, as lágrimas vão simplesmente caindo de seus olhos, não tem como controlar...