terça-feira, maio 15, 2007

back in black

as pessoas ficam repetindo que você esta perdendo a vida.
é só o que elas dizem ultimamente.

fico os dias navegando dentro da minha cabeça
e nunca meus sonhos foram tão ordinários!
parece que troquei as bolas.

sabe quando a gente começa a pensar e
um sorriso brota no rosto.
simplesmente.
sorriso envergonhado, sorriso orgulhoso
um sorrisinho simples.
poisé.
o tempo inteiro (twenty-four-hours-a-day)
e não é malicioso
como se eu tivesse descoberto as grandes respostas para as perguntas da vida
pra falar a verdade, nessas grandes questões eu quase nem penso
não passam de questões banais.

dizem tripas, ossos e coração?
eu digo música, palavras e imaginação
tem uns adicionais, claro.
sempre tem.
mas no mais é isso.

'and when I watch you move
and I can’t think straight
and I am silenced
and I can't think straight
it's the best thing
such a beautiful feeling'

such a beautiful feeling!
mas também não diz mais nada, yeaaah

ah, um dia eu volto àquela vidinha.
aquela, né?
essa atual é aquela pseudo inércia.
não é a melhor, mas também não é ruim ... sem reclamações, veja bem ..
só pequenos comentários.
acho bom, tem o tal sorrisinho maroto ...
acho bom.

a música empolgou demais aqui e eu esqueci meu ponto de vista inicial.
algo com desapego, desejo de desapego
algo de saudade da presença, de vontade do desconhecido
de empolgação com o novo
e, definitivamente, de entrega ao inconseqüente antes nunca cogitado.
é, sem reclamações, veja bem ...
sem reclamação alguma.


kids are running around naked fuckin' in the bushes

(flor - flores
bush - bushes)

quinta-feira, maio 03, 2007

196.

Os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdos - a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo do que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insatisfação da existência do mundo. Todos estes meios tons da consciência da alma criam em nós uma paisagem dolorida, um eterno sol-pôr do que somos. O sentirmo-nos é então um caminho deserto a escurecer, triste de juncos ao pé de um rio sem barcos, negrejando claramente entre margens afastadas.
Não sei se estes sentimentos são uma loucura lenta do desconsolo, se são reminiscências de qualquer outro mundo em que houvessémos estado - reminiscências cruzadas e misturadas, como coisas vistas em sonhos, absurdas na figura que vemos mas não na origem se a soubéssemos. Não sei se houve outros seres que fomos, cuja maior completidão sentimos hoje, na sombra que deles somos, de uma maneira incompleta - perdida a solidez e nós figurando-no-la mal nas só duas dimensões da sombra que vivemos.
Sei que estes pensamentos da emoção doem com raiva na alma. A impossibilidade de nos figurar uma coisa a que correspondam, a impossibilidade de encontrar qualquer coisa que substitua aquela a que se abraçam em visão - tudo isto pesa como uma condenação dada não se sabe onde, ou por quem, ou porquê.
Mas o que fica de sentir tudo isto é com certeza um desgosto da vida e de todos os seus gestos, um cansaço antecipado dos desejos e de tdos os seus modos, um desgosto anônimo de todos os sentimentos. Nestas horas de mágoa subtil, torna-se-nos impossível, até em sonho, ser amante, ser herói, ser feliz. Tudo isso está vazio, até na ideia do que é. Tudo isso está dito em outra linguagem, para nós incompreensível, meros sons de sílabas sem forma no entendimento. A vida é oca, o undo é oco. Todos os deuses morrerm de uma morte maior que a morte. Tudo está mais vazio que o vácuo.
É tudo um caos de coisas nenhumas.



Fernando Pessoa,
ele que acaba sendo sempre meu melhor tradutor.

terça-feira, maio 01, 2007

it's eaaaasy

não, não digas nada
não há nada que possas dizer
que me faça esquecer
o que é sofrer ao ver que
tudo aquilo porque lutei
não sabe o que é sorrir
e chorar e dormir
me dói ver que não há amor
nem paixão nem dor
e tudo o que eu mais quero nessa vida
é esquecer
portanto, não, não digas nada
não há nada que possas dizer.