definitely maybe
uma certa invalidez percorria seu corpo.
ora, era possível perder toda sua força em um piscar de olhos?!
era algo inquietante; nada incomum.
uma unha quebrada ainda colada ao dedo por um resquício de pele em meio a tantas perfeitas
de mesmo tamanho e ainda pintadas.
algo mais ou menos assim.
uma invalidez ao olhar para si e se achar incapaz de provocar reações extraordinárias
em outras pessoas sem sequer abrir a boca.
queria essas reações; causá-las sem dó nem piedade!
era no que pensava durante esses dias! telepatia talvez ... não, não.
era o olhar.
às vezes acreditava que conseguiria! se ao menos tentasse com mais fervor ...
não; seus olhos mudavam de direção quase que mecanicamente no exato momento em que percebia um princípio de resposta!
ela o faz em seus sonhos, como qualquer outro sonhador.
teme por algo que não sabe explicar bem o que é
talvez a vergonha de uma dor ou um amor ou quem sabe a cor do que ela venha a achar
"não há nada a perder" repete insistentemente ...
e inutilmente!
um dia ela vai e se escuta! que deus abençoe!
então, nesse dia, ela olhará indiscriminadamente e ninguém a deterá.
utilizando o poder do medo, a droga mais potente das produzidas pelo corpo humano, ela se torna quase invencível! eu disse quase! não por nada não ... apenas precaução.
um dia ela contraria os pensamentos e quem sabe até se abstém de pensar durante um tempo.
louca?! não, pensar a deixava louca!
era agora imprevisível e por fim um pouco mais impulsiva.
sempre tive uma queda por seus mais loucos impulsos.
então ela olha novamente e vê como é estar sobre as nuvens, diretamente nos olhos.
seus lábios, impulsivamente, encontram outros à sua espera e os olhos se cerram.
algo de segundos, diria eu.
uma eternidade.